Vostede está aquí

30 Xuño, 2009 - 17:32


-Nascim na Corunha o 10e novembro de 1944, numha formosa casa das ruas de Santo André e Travessa do Curro (hoje do Vista), cujo último andar alugavam meus avós por mai.

-Vivim no Uruguai dos antepassados maternos, dos 6 aos 19 anos, os primeiros 17 na cidade nortina de Tacuarembó (Taquarembó em português), cerca da fronteira brasileira, onde culminei os estudos de piano e de bacharelato, iniciando, a continuaçom, os de Direito na Universidade da República (Montevidéu).

-No meu retorno à Terra eu vinha procurando A Corunha... e podo dizer que descobrim a Galiza, a começar pola nossa fala.

-Ingressei na funçom pública (onde cumprim 33 anos de serviços), sendo destinado sucessivamente a Madrid, Cáceres, Xixón e Corunha (aquí desde 1973).

-Aínda aí foi quando entrei em contacto com O Facho e coa realidade político-sócio-cultural do pais. E tornei, cada volta com mais freqüência, periodicamente ao Uruguai, país co que hoje comparto residência por metades com a Galiza, possuíndo a cidadania legal uruguaiana.

-Desde a poesia (assinada como José Devesa) fum evoluindo cara ao ensaio (passando muito fugazmente pola narrativa curta), nos último anos concretado à ciência genealógico-onomástica. (Nom se mencionam aqui as obras em espanhol, publicadas no Uruguai).

-Sócio fundador da AELG e da AGAL (tamém membro de instituiçons genealógicas uruguiana e galega), acertei a reunir uns poucos e prezados prémios: de conto, em Guimaraes (1975, Asociaçom Convívio), de ensaio, em Montevidéu (1986, Patronato da Cultura Galega), como animador cultural, na Corunha (1993, Asociaçom de Livreiros) e pola trajectória, em Montevidéu (2004: Vieira de Prata, polo citado Patronato).

________________________________________

¿Quéreslle mandar unha mensaxe ao autor?

INICIO INFORMATIVO

Iniciamos hoxe unha sobre a visión do barrio de escritores fundamentales galegos . Sobre a sua reconocida públicamente calidade literaria, aportan unha visión persoal da antiga parroquia de Santa Maria de Oza: poderemos deleitarnos non só ca sua calidade literaria, tamen cas aportacións persoais a nosa historia antiga ou mais recente. Realmente Gaiteira-Castros non é só un recuncho da cidade, é tamen materia literaria de alta calidade.

O primeiro da lista e un amigo fiel do barrio. Ainda que non veciño, Monterroso é “ un dos nosos”, sempre disposto ,á axuda e a colaboración desinteresada. Os cidadans do barrio que queiran coñecer sobre ruas, perxoeiros ou temas cidadans teñen en Monterroso un amigo disposto a axuda desinteresada. E se queredes saber sobre a Cementerio de Santo Amaro íl e o informador: non fai falla ser do Casino para ser coruñes de “pro”: Monterroso é o noso ejemplo.

Emilio.

OÇA: POR ONDE NASCE O SOL DA CORUNHA...

I

A existência do velho concelho de Santa Maria de Oça, incorporado à Corunha hai quase cem anos, trás curta vida (criados os municípios modernos, como as actuais províncias, em 1833, este vemos durou menos de 80), essa existência provocou que à outra Oça da comarca lhe puxessem, para disterá-la, Oça dos Ríos (dos ríos Mendo e Mero); aclaraçom que já nom seria necessária, porque este dos ríos é o único termo municipal chamado Oça que hoje subsiste.

II

Claro é que Oça existem outras. Temos a Oça carvalhesa e mais a Oça compostelana, todas, pois, na província da Corunha, algumha ou todas ellas dando origem ao apelido Oça, nom demasiado abondoso. Tamém están os ríos Oça, algum mesmo fora da Galiza, como é o que banha a cidade berciana de Ponferrada. O tratadista Cabeza Quiles atribúe-lhe à palabra oça umha antiguidade grande e relaciona-a justamente com as augas.

III

Muitos lembrarám-se dos fielatos que se situavam nos limites dos concelhos de Oça e A Corunha, como, pomos por caso, em Monelos ou na Gaiteira de inexplicado nome (a Ponte Gaiteira salvava daquela o río de Monelos... que hoje é apenas umha rua). Pois os fielatos eram as oficinas recaudatórias dos tributos ao consumo das mercancias que, procedentes das hortas circundantes, se introduziam acotio na cidade; o seu nome provém de fiel; fiel é a antiga denominaçom do recaudador (outro nome que tinham era o de alcavaleiros -polo imposto de alcavala- o que ficou na nossa martirizada toponímia disfarçado na rua Caballeros). Muitos desgostos tem dado o ditoso tributo!

IV

Os fielatos levam-nos às vias de comunicaçom: as duas vertebrais, o velho caminho real de Castela e mais o caminho da beiramar. A estrada de Castela prolongando o antigo caminho novo (hoje Juan Flórez), arrincava do bairro de Santa Luzia e, subindo por Monelos e a costa de Eiris, bifurcava-se no Portazgo nos ramais a Madrid e a Compostela; o caminho da beiramar, que se chamou estrada dos Castros, depois co duplo nome de García Prieto e Francisco Ferrer (segundo os tramos) e finalmente (nem se sabe por quanto tempo mais) avenida do General Sanjurjo... dito caminho costeiro chegava e chega à Passagem da ría. Que mágoa dá olhar tam longa avenida no seu decorrer urbano sem árvores apenas que a ornem, lhe dem vida e cor, fronte a tanto cemento como a afoga! (Portazgo é, por certo, outra referência tributária: fala-nos da portagem ou direito que havia que pagar para passar pola Passagem a ria da Corunha ou do Burgo).

V

Ora, Os Castros, como O Castrilhom, estám-nos falando desses velhos enclaves pré-históricos que (com os de Nostiám e Elvinha) coroavam a Corunha... quando nom era tal cidade. O Monte das Moas, por sua volta, está-nos a falar das moas ou pelouros com essa aparência ou bem das moas dos moínhos que sempre se davam em zonas altas, como o Montinho, os Montes (lugar de radicaçom nos últimos tempos da casa do concelho de Oça) ou, mais longe, Montserrat (com esse nome que algum catalám lhe poria). (Dos moínhos há falar-nos mesmo o nome de Monelos, derivado diminutivo daquel vocábulo através, seique, de moinhelos e moinelos que tem dado outros tantos apelidos). E é que nem a Mancha tivo nunca o monopólio dos moínhos... nem Castela a exclusiva dos castelos...

VI

A propósito de castelos, nom podemos deixar de citar como lugar ribeirám da zona, a Sam Diego, tomando nome do velho castelo (cujas ruínas dessaparecérom quarenta e muitos anos atrás, por mor da construçom do actual peirao homónimo); por Sam Diego, o bairro tinha praia e fábrica de salgadura (salazón), de cortiça e de curtidos; polos Castros e a Casa Branca, o mar bicava o Lazareto e remansava-se na perdida praia de Oça, hoje reinventada mais adiante, junto coa dársena vizinha, ao pé do fortim e o faro, lugar paradisíaco onde os haja, para chegar ao qual cumpre passar polo purgatório das instalaçons portuárias e mais dos asteleiros... a nom ser que remontemos a estrada da Passagem para baixarmos polo Sanatório... ou bem colhamos, a partir do parque de Sam Diego, o novo passeio intermédio.

VII

Lazaretos (diminutivo italiano, derivado do nome hebréu, já deformado, Lázaro, através do latim lazarus: leproso), eram, como é sabido, os estabelecimentos hospitalários que albergavam atais leprosos; para, co decorrer do tempo, acabar hospedando os portadores, reais ou virtuais, de qualquer praga que arribavam por mar e só podiam desembarcar depois de passar a quarentena (os quarenta dias de espera até considerar a cidade fora do perigo de contágio... e hoje, que andamos outravolta com quarentenas gripais, queixamo-nos da falta de tempo!). Das ruinas do lazareto sujo aí fica o muralhom.

VIII

O século XIX viu nascer, empoleirada no outeiro, a nova paróquia de Santa Maria co seu correspondente cemitério (no que repousam, por certo, os restos do escritor José Lesta Meis e mais os da sua entranhável costureirinha), actualmente flanqueado pola bela praça de Pablo Iglésias, com esse rotundo grupo escultórico, um dos melhores da cidade. Templo que veu substituir a joínha românica, felizmente restaurada, infelizmente fechada a cal e canto e com o seu cruzeiro capado... que algum dia estivo acarom do mar... e foi testemunha da invassom do Drake. Esta freguezia de Oça, juntamente coas de Elvinha, Vinhas e Visma, conformava o município desaparecido.

IX

E já que nos achegamos à ribeira da ria, sabemos como na última década se viu enriquecida com espléndidos parques e mais as suas magníficas instalaçons: o da Europa e o de Sam Diego... decontado seguidos polos de Oça e Eiris, aquel do santo, na aba do montículo que, em tempos, exercéu como miradoiro dos Castros (aí estám as ruas com essa connotaçom panorámica de Buenavista e Miramar).

X

Seja-me permitido, finalmente, chamar a atençom sobre dous fitos artísticos da zona, que adoitam passar dessapercibidos. Um é o busto de Manuel Martín Salazar (1923), no jardim do ex-Sanatório de Oça (essa edificaçom de brilhante trajectória, recentemente historiada, actual Faculdade de Ciências da Saúde); pertencente ao génio do escultor Asorei de quem, que recorde, hai na cidade, além do impresionante monumento a Curros Henríquez (o mais significativo da Corunha moderna), outras mostras como som o monumento Ao Soldado Galego (no pátio do quartel de Atocha), a escultura Filhinha (no INSS), algumha mais no Muséu de Belas Artes, e o busto de José Pérez Porto (no vestíbulo do Colégio Notarial).

O outro fito artístico do bairro, bem mais visível, som as duas casas, do arquitecto António Mesa (de 1921 e 1918) que, nos números 150 e 152 de Gral. Sanjurjo, de fronte á rua José Luis Cereijo, aínda se alçam por milagre (e nom sei por quanto tempo mais), tendo pertencido, segundo me comentam, a um tal Andrés Souto Ramos Riobóo... casas contíguas a uns armazéns que levavam, até serem derrubados, a velha numeraçom 16/18, provavelmente correspondentes ao citado segundo tramo da actual avenida, o que se chamou Francisco Ferrer, que, se cadra, arrincava na denominada aínda rua do Cruze. Hoje está-se a construir aí o impresionante edifício Langosteira, a nom duvidá-lo, outro fito a salientar no futuro.

XI

O pirulí da Telefónica, acarom do colégio dos Carmelitas, a citada casa das Ciências da Sáude, a avenida do Exército (Republicano, como adoitava dizer o inesquecível amigo Riveiro Loureiro), coas suas altivas torres de imelhoráveis vistas, a estaçom do ferrocarril portuário (coa servidume de indesejáveis ventos de soja ou carvom); os novos acessos dos Castros... tudo dá-lhe personalidade original a esta ampla zona de velhas resonâncias, por onde nasce o sol da Corunha...

José-MªMonterroso Devesa.